sábado, 6 de setembro de 2014

Quando tudo começa a não funcionar!

        Depois de quarenta dias sem escrever, ela pegou a caneta e começou a esboçar algumas frases. Nada a agradava. nenhuma ideia genial. Porém o que mais a deixava indignada era o traçado de suas letras. Sua caligrafia não era mais a mesma. Em alguns momentos, antes da ponta tocar o papel, sua mão fazia tantas voltinhas que achava não conseguir nunca mais redigir qualquer coisinha.
        Parou, pensou um pouco, pegou um lápis. Sim, com o lápis não teria problemas. Não, não teve os mesmos problemas: o lápis deslizava e entre uma letra e outra, na mesma palavra, uma linha trêmula surgia sem que ela pudesse dominar. Pegava a borracha, apagava tudo e reiniciava. Nada mudava. Devia ser o tipo de papel.
        Achou um caderno antigo. As folhas amareladas lhe deram a esperança de surgir a velha, parelha e bonita caligrafia. Tinha boas lembranças daquele caderno, surgiriam boas histórias. Ledo engano. 
        Em meio àquele desespero, àquela desilusão, àquela  incansável busca, de repente, ouviu: "Vó, tu não usas mais o notebook, não é? Vou levar para a minha casa. Tchau! Volto qualquer dia!"
         "Notebook?"