segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mudanças de hábitos!

Pra quem eu vou comprar balas?
É isso aí! Estou passando por um problema, aparentemente bobo, mas que tem me perseguido desde que minha mãe partiu para não mais voltar para este mundo. Enquanto viva, não havia semana que não me "mandasse" comprar balas. Sim, ela me mandava, não pedia, inclusive, usava o dedo indicador erguido. Era até engraçado vê-la dando ordens como se eu fosse uma criança ainda. Ela, 95, e eu, 65. Quando a questionava se não estava comendo balas demais, ela dizia: "Elas roubam tudo! Não traz aquelas de chocolate, porque elas escolhem somente elas e me deixam as de banana.!" ELAS eram as enfermeiras e funcionárias da Casa de Repouso onde morava. No entanto, as moças que limpavam diziam que, pela manhã, havia, diariamente, muitos papéis de balas atrás da cama de minha mãe. Eu sei que era verdade porque quando morava aqui na minha casa, fazia o mesmo.
Esse problema se agrava na medida em que a lojinha de "1,99" onde eu comprava suas encomendas fica exatamente ao lado do prédio onde moro. Passo por ali e acho que tenho de entrar, comprar balas de mel, de banana, de chocolate, de iogurte!
Esse, com certeza, é apenas um dos hábitos dos quais terei de me libertar! Uns mais facilmente esquecidos; outros dificilmente abandonados.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Momentos de despedida: ela se foi!

Naquela tarde, ela fechou a boca. Não mais falou, não mais comeu. Se ouvia, não se sabia; se nos entendia, não demonstrava. Respirar já não conseguia sem o oxigênio salvador. A pressão arterial inconstante ia do alto ao baixo sem no equilíbrio se manter. Então, uma sonda foi colocada, e o alimento por ela enviado. Três dias assim ficou com o coraçãozinho a segurar sua vida neste mundo. Seus olhos não mais se abriram, devia já estar vendo paisagens mais bonitas do que um quarto de hospital.
Hoje para a UTI foi levada e dali talvez só saia quando sua missão estiver terminada. Nesse dia, vou agradecer pelo tempo que me permitiu com ela conviver.
(cont.)
Ontem ele parou, sim, cansou e parou!
Foram 95 anos de uma vida cheia de alegrias, doação, carinho, amor e fé!
Hoje dela nos despedimos, derramando as lágrimas de quem perde algo, mas felizes por ter dado a ela tudo o que mereceu!
Foi-se ao som de nosso canto, ao bater de nossas palmas!
Obrigada, mãezinha! És eterna em tudo que nos ensinou!
Segura na mão de Deus e vai!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Medo? Imagina!

Ontem, feriado aqui em Porto Alegre em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, tomei uma decisão sobre algo que vinha roendo minha cabeça e minhas pernas há bastante tempo. Enchi os pneus da bicicleta, coloquei-a no elevador e lá fui eu pedalar pelos caminhos, quase encantados, da nossa Redenção, para quem não conhece, Parque Farroupilha, dizem, o pulmão da cidade.
Há três anos atrás, quando vim morar neste bairro, um dos motivos que me fez optar por este apartamento, foi a proximidade com este parque. Além de todas as suas maravilhas, tenho também uma ligação sentimental com ele. Foi ali que, lá pelos meus oito anos, aprendi a andar de bicicleta. Durante um tempo de minha infância, meu pai, todos os domingos pela manhã, saía para passear conosco no seu Ford 51 e acabava chegando à Redenção. Ali, alugava uma bike, como dizem hoje, para cada um e nos acompanhava nos primeiros "passos" deste maravilhoso meio de transporte. Falei "nos" porque, apesar de ser filha única, cresci junto a meus sobrinhos, nasci tia, mas isto é outro assunto! Duvido que alguém tenha tido momentos mais divertidos e felizes do que aqueles nossos em meio a tombos e corridas.
Há dois anos e três meses atrás sofri uma cirurgia na coluna lombar. Foram colocados pinos e parafusos. Graças a Deus, estou ótima. Entretanto, havia uma frase do meu médico que não saía de minha mente: "Tu estás liberada para fazer de tudo, menos cair!" Aquele "menos cair" me acompanhou por todo este tempo. E realmente não deixava eu me soltar! Mas ontem disse um basta a este medo bobo, afinal, depois de mais velha, apenas caí uma vez da bicicleta.
Nossa! Que sensação maravilhosa! Conseguir ir mais longe em menos tempo, sentir o vento batendo no rosto, olhar tudo de um andar acima, passar das pessoas que caminham e o melhor, ouvir: "Que legal! Tu ainda andas de bicicleta! Não tens medo de cair?" e eu responder me achando: "Imagina, adoro! Que medo, que nada!"