Abriu a janela e saiu a voar! Como a Izmália, viu uma lua no
céu, mas onde estava a lua do mar? Quis bater as asas, porém elas não lhe
obedeceram, ou ela não as tinha?
No delírio de seu sonho, investiu em busca da
ajuda de um bando de andorinhas que tentava encontrar um refúgio para a noite.
No entanto, elas passaram por ela, subiram acima de onde seus olhos podiam
enxergar e sumiram. Foi conquistada pela luz que se acendera na janela de um
prédio e para lá induziu sua queda. Chegando perto, a luz se apagou, e ela se
perdeu no escuro da noite à procura do mar. Na ânsia de achar aquilo que sua
mente desejava, deu um impulso para cima e para a direita e avistou, lá
embaixo, uma ilha completamente verde de tantas árvores. E mergulhada na
felicidade de estar perto da água onde veria sua lua, fechou os olhos e para lá
se foi.
Foi, foi e, quando seu corpo tocou as folhas frias, estremeceu de medo.
Entretanto, um forte e inesperado vento a levou para o alto, para o meio de um
vórtex, e deixou-a tonta... tonta de alegria. Todavia, uma força inesperada
e estranha para ela a fez cair, Foi caindo, caindo. E, enquanto caía, via lua,
estrelas, sol, nuvens. Uma chuva começou a molhar seu rosto e confundiu-se com as
lágrimas que jorravam de seus olhos arregalados por um misto de susto, loucura
e admiração.
No jornal do dia seguinte, a manchete falava de uma moça que se
atirara do décimo andar, onde morava!