sábado, 10 de novembro de 2012
Meu vizinho!
O calor queimava as entranhas de nossos corpos. Eram quase nove horas da manhã de um novembro com cara de janeiro. Pegamos o elevador e, abanando-me com o jornal que havia recolhido do tapete na porta de entrada do meu apartamento, comecei a fazer minhas orações como sempre fazia. Sim, era no elevador que agradecia ao Senhor por mais um dia de trabalho. Na realidade, deveria rezar para que o elevador conseguisse chegar ao térreo sem nenhum problema. Ao terminar o sinal da cruz, um barulho horrendo tomou conta da cabina, tudo escureceu e o bendito parou. Esta não era a primeira vez que isso acontecia, mas era a minha primeira vez. Meu companheiro de viagem não dizia uma palavra. Confesso que aquela seria uma bela ocasião para fazer o que sempre me passava pela cabeça cada vez que nos encontrávamos. Nossa relação nunca passara de um "Bom dia", um "Até mais!" E só! Mas nos meus sonhos! Ah! nos meus sonhos! Quanta coisa acontecia entre nós dois! O engraçado é que tudo se passava dentro d'água. Sonho! Tentei dizer alguma coisa, porém senti-me tocada na altura dos seios. Não, tocada não, roçada. Sim, algo roçou meu corpo e foi adiante. Na sequência, ouvi a sirene de emergência. Ele a havia acionado. O silêncio já me incomodava mais do que a escuridão. Parecia que estávamos ali há horas. Então, decidi fazer barulho na tentativa de alguém me ouvir. Comecei a gritar e a sapatear. À medida que batia com os pés no piso do elevador, ouvia um som que lembrava a infância. Aquele barulhinho gostoso e prazeroso de quando saía com meus irmãos a correr pela calçada, pulando nas poças deixadas pela chuva. Como assim? Água dentro do elevador? Impossível! Conclusão: meu lindo, charmoso, tesudo e... medroso vizinho tinha feito xixi no elevador!
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