quinta-feira, 29 de abril de 2010

A minha cidade!

Eu moro numa cidade em que no final de tarde, a gente pode ver um sol no céu e outro no rio. Eu moro numa cidade em que de uma hora para outra, à beira do rio, um grupo de malabaristas monta seu Circo Petit Poa-RS e apresenta, em plena quinta-feira, números de dança, música, malabares, e humor. Eu moro numa cidade em que o pipoqueiro te serve com muito carinho e alegria, comenta o ventinho frio do dia, te dá um guardanapo junto com o saquinho de papel transbordando de pipocas quentinhas e te diz para voltar sempre. Eu moro numa cidade em que, ao enterdecer, tu podes avistar uma balsa carregadinha, deslizando suavemento no rio, deixando um caminho marcado nas águas, fazendo surgir, em nós - trabalhadores agitados, estressados - uma invejinha muda e dolorida. Eu moro numa cidade em que o guardador de carros, já velhinho, enquanto aguarda um troquinho, te diz piadas engraçadas num sotaque misto de espanhol e italiano, mostrando dente sim, dente não de um boca feliz que pede desculpas por falar-te, mostrando respeito por ti.
Alguém quer vir morar comigo? Na minha cidade?

domingo, 25 de abril de 2010

O Poder da Música

Hoje, comecei o dia daquele jeito que não se sabe nem o porquê, mas até se pergunta:"Levantar pra quê?" Mas em questão de segundos já me alonguei, saí da cama, tomei meu café, li o jornal do dia e fui pra rua. Sim, nada melhor do que ir para a rua quando se está um pouco pra baixo. Abri a porta do edifício, dei de cara com aquele dia "chove não molha", "água com açúcar", e outras denominações para não dizer "sem graça". Porém, lembrei-me de que haveria um concerto da nossa OSPA na Redenção e para lá me dirigi!
"Obrigada, Senhor!" Fui caminhando e a cada passo ouvia melhor a primeira música. Começara! Já sentia meus braços se arrepiando e os chorões, sim, porque meus olhos são uns chorões, enchendo-se de lágrimas. Pressenti o que me esperava. Consegui uma cadeira vazia no meio de tantas outras ocupadas. Estava a me esperar, tenho certeza! E, em meio aos acordes, escalas, solos e harmonias perfeitas, fiz uma viagem a minha infância, quando assistia a todos os concertos da orquestra da qual meu pai fazia parte. Ele era contrabaixista. Fechei meus olhos e senti meu pezinho de menina batendo o compasso no chão. Dali, do Teatro São Pedro voei mais e me vi em plena Disney assistindo àqueles espetáculos cujas trilhas sonoras são indiscutívelmente lindas. E assim, fui passando por diferentes momentos da minha vida. Finalmente, cheguei ao presente, com a apresentação do Yamandu Costa e do Borghetinho que me levaram ao êxtase de encantamento com seus talentos.
Para finalizar, a emoção de ver a garra, a alegria, o entusiasmo do público cantando junto com a orquestra o "Canto Alegretense" e o nosso hino, o hino do Rio Grande do Sul! Eu cantava junto, é claro!
Voltei outra para casa! Levantar pra quê? Pra isso: para se deixar levar pela beleza e magia da música!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O lixo

Todos os dias, na mesma hora, de segunda a sábado, ele faz o mesmo: desce os onze andares da mesma forma. Usando as escadas, alcança o lance onde fica o latão de lixo dos apartamentos acima, recolhe os saquinhos, às vezes fedidos, e coloca-os num grande saco plástico preto. E, assim, de andar em andar faz o seu serviço diário. Quando o saco preto está cheio, chama o elevador, e ali, acondiciona aquele envólucro que, se fosse examinado, revelaria a história de cada apartamento. Afinal, não é verdade que "diga-me o que comes, que te direi quem és", "Diga-me com quem andas que...", então, "Diga-me o que tens no teu lixo que te direi quem és!" Será?
Quantas vezes pego o elevador e faço minha viagem ao térreo acompanhada, sim acompanhada de um belo saco preto cheio de lixo. Sim, porque o ou os sacos pretos cheios de lixo só saem do elevador quando tudo já tenha sido recolhido.
Alguém pode me dizer por que estou relatando isso? Será para pensar nas ações repetidas e tristes de um ser humano? Não, acho que é porque não aceito andar de elevador com um saco de lixo! Adoro domingos! Não há perigo de descer com ele, o lixo!
A verdade é esta: preocupo-me com as pessoas que têm de fazer sempre o mesmo pois eu odeio rotina e ODEIO descer com o lixo no elevador!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Nunca é tarde!

Já é tarde! Mas tarde pra quê? A vida dele está sempre assim, na espera! No aguardo de que um dia algo vai acontecer! Ele não pensa se é tarde ou não. Sabe que o que tem de ser será. E é desse jeito que a vida vai passando por ele, uma cena atrás da outra, numa montagem delicada e às vezes incoerente. Frequentemente fica difícil acreditar nele, no seu talento, na sua capacidade de superação. Nem ele, em determinadas situações se valoriza; porém, lá no fundo, a chama da vitória latente está no aguardo do momento certo. Sim, e daí, num exato instante, inesperadamente, o milagre acontece! Acontece porque sempre acontece! Porque é preciso saber aguardar, ter esperança, acreditar! A magia da vida está no inesperado, na surpresa, na emoção da espera. Depois do acontecido, só nos resta buscar de novo, esperar de novo, acreditar de novo, sonhar de novo!!! O que é a vida sem sonho! Ah! Aqui está ele: "Bate coração, bate! Eu estou aqui te protegendo, te apoiando, te envolvendo, te admirando!"