sexta-feira, 30 de julho de 2010

A moça misteriosa!

Certa manhã, ao abrir a janela da sala, deparei-me com uma figura à distância que nunca havia aparecido no espaço que consigo visualizar dali. Da maioria das janelas do meu apê, vislumbro bem ao longe, uma nesga do Guaiba, o prédio do Centro Administrativo do Estado, alguns outros prédios, muitas copas de árvores. Moro numa rua muito movimentada, mas a minha vista é para os fundos. Então, vejo também os fundos de alguns edifícios. De muitos, às vezes, aprecio pessoas pendurando roupas em seus varais, tem um senhor que faz, quase que semanalmente, o seu churrasquinho, mas deste não sinto nem o cheiro, não estou tão perto assim. Pois foi justamente neste que vi uma moça, vestida de vermelho, com longas tranças pretas que escorregavam além dos ombros. Gostei daquela imagem! Mas me perguntei: "O que estará ela observando?" Ela estava virada para o Guaiba, e o que eu via eram as suas tranças caindo pelas costas. Como ela não saía dali, nem se virava, mudei meu foco e fui me preparar para trabalhar. À noite, ao fechar a janela, não vi a tal moça, a luz de lá não estava acesa.
No dia seguinte, segui a minha rotina. E qual a surpresa? A moça lá estava novamente, contemplando não sei o quê, nem aonde. Fiquei meio intrigada, afinal, não era um cenário comum. Engraçado, ela vestia novamente o vestido vermelho e as tranças haviam sido penteadas de mesma forma. Pendiam nas suas costas. Mais uma vez desisti de ficar cuidando dela porque tenho mais o que fazer. Nesta noite, mais uma vez, não vi se a minha misteriosa moça, ou senhora, ou senhorita, sei lá - como diz um de meus netos - estava lá, naquela espécie de terraço onde muitas coisas aconteciam. Fui dormir.
Tive um pouco de insônia. No meio de noite, ainda dei uma espiada, mas nada enxergava. Mas entre tantos pensamentos até que o sono viesse, lembrei que tinha, dentro de uma caixa que estava dentro do armário onde guardava coisas das quais não faço uso diário, um velho binóculo que pertencera a meu irmão - "Que Deus o tenha!".
Ao acordar, antes mesmo de fazer qualquer coisa, abri o tal armário, achei a caixa e peguei, feliz da vida, aquele objeto poderoso que esclareceria, talvez, o mistério. Era antigo, porém bastante potente. Dirigi-me à janela, abri as persianas, os vidros e segurei com as duas mãos o meu binóculo. A primeira visão foi do prédio do Governo do Estado; sabia, com isso, que teria de virar um pouco para a esquerda, mas só vi o céu; então, desci as mãos, claro, aquele lugar era em andar abaixo do meu; foquei na moça! Que moça? O que eu vi foi uma bolsa quadrada e vermelha, provavelmente, de lona, com as alças feitas de uma tira preta que se uniam em cima, presas em uma das cordas do varal. A murada da cobertura não me deixava ver da cintura (cintura?) para baixo, o que me dificultou a verdadeira identificação do objeto. Ou será que preciso ir ao oftalmologista?
Até quando a dona desta bolsa vai deixar a coitada ali? Já deve estar dura de tão seca. E, bem feito, vai, com certeza, desbotar. Aí, estarei vingada por ela ter me enganado todos estes dias.

sábado, 24 de julho de 2010

Eu gosto muito delas!

Hoje olhei para elas e, imediatamente, comecei a refletir sobre a importância delas na minha vida. À medida em que meus olhos analisavam cada pedacinho delas, um filme projetava-se em minha mente. Eram elas que me presenteavam com o som das diferentes notas que emanavam do velho piano da minha casa e, quando na adolescência, resolvi me envolver com outro instrumento, lá estavam elas trazendo aos meus ouvidos o som fagueiro e romântico de um violão. Em meio às brincadeiras de menina, vestiam e desvestiam muitas vezes, a cada dia, as bonecas da minha infância. O que seria de mim se não estivessem presentes nas primeiras carícias de amor.Participaram e participam de todos os momentos da minha vida.
Um dia, pareciam estar se cansando dos muitos movimentos que faziam e passaram a transmitir dor, muita dor, e o bisturi foi necessário para que parassem de sofrer.
Houve um tempo em que jamais saíam à rua sem uma bela e, na maioria dos anos, chamativa pintura. Hoje, já não são mais tão vaidosas: uma cicatriz caracteriza o rosto daquela que se responsabiliza pelas tarefas mais precisas; a outra, a meu ver, é mais bonitinha, no entanto tem mais força. Até mesmo a pele delas, com a idade, já não é mais a mesma. Manchinhas escuras se instalaram, denegrindo a antiga beleza e limpidez. Engraçado, analisando bem, a da cicatriz recebeu mais dessas pintas, provavelmente, por ter se desgastado mais.Com certeza, cada mancha lembra uma situação, alegre ou triste, da minha vida.
Os dermatologistas que me perdoem, mas, graças a Deus, não fiz a besteira de tirar essas queridas das minhas mãos.

Volta..

Gente, querida!
Depois de mais de mês sem postar alguma ideia aqui, estou de volta. E aí vai o meu primeiro texto depois dessa parada.
Espero conseguir dar continuidade a essa agradável tarefa, porque, na verdade, ela me faz muito bem!
Beijo carinhoso a todos que usam um pouco de seu tempo, lendo minhas criações!