Hoje, ao parar numa sinaleira, três meninos magrinhos, sujinhos, mal vestidos começaram a fazer malabarismos com algumas bolinhas de diferentes tamanhos, sem cores definidas. Não conseguiam fazer nada direito. As bolinhas estavam sempre caindo no chão. Um deles, o menor, na verdade, tinha o trabalho de buscar as bolas, o gandula do grupo. Para completar a apresentação, um dos meninos subiu nos ombros do mais forte deles e tentaram novamente fazer o que não tinham tido sucesso nem sequer com os pés firmes no chão. O sinal abriu, eu arranquei e, olhando pelo retrovisor, dei-me conta de que ninguém havia dado, pelos menos, uma moedinha para eles. Enxerguei, ainda, os três sentando no cordão da calçada, cabisbaixos.
Andei uma quadra e, para variar, outra sinaleira, fechada, é óbvio. Quando se está com pressa, sempre pegamos o sinal vermelho. E então, outro espetáculo, agora, bem diferente do anterior. Dois caras mais velhos, jovens ainda, vestidos e maquiados de palhaço, montados, cada um, em uma monocleta - bicicleta de uma roda, entenderam, não? - faziam malabarismos, não com bolinhas, mas com aqueles bastões, para não falar "paus". Era realmente uma bela imagem. Comecei a remexer em minha bolsa, sem tirar os olhos deles, até que achei umas moedas. Notei que um deles também me cuidava. Antes mesmo de a sinaleira ficar verde, desceram do... e começaram a recolher os trocados dos motoristas. Ao abrir o vidro da janela do carro, surpresa: eles nem brasileiros eram! O sinal abriu, custei a dar início a marcha, virei meus olhos para o retrovisor e vi: a maioria dos motoristas davam alguma coisa para os artistas!
Isso não foi preconceito?
Arrependi-me de não ter dado nada aos garotos; pensei em fazer a volta na quadra e corrigir o meu erro. Era tarde, já buzinavam atrás de mim, e eu estava louca de fome.
Fome?
Que horror!
Andei uma quadra e, para variar, outra sinaleira, fechada, é óbvio. Quando se está com pressa, sempre pegamos o sinal vermelho. E então, outro espetáculo, agora, bem diferente do anterior. Dois caras mais velhos, jovens ainda, vestidos e maquiados de palhaço, montados, cada um, em uma monocleta - bicicleta de uma roda, entenderam, não? - faziam malabarismos, não com bolinhas, mas com aqueles bastões, para não falar "paus". Era realmente uma bela imagem. Comecei a remexer em minha bolsa, sem tirar os olhos deles, até que achei umas moedas. Notei que um deles também me cuidava. Antes mesmo de a sinaleira ficar verde, desceram do... e começaram a recolher os trocados dos motoristas. Ao abrir o vidro da janela do carro, surpresa: eles nem brasileiros eram! O sinal abriu, custei a dar início a marcha, virei meus olhos para o retrovisor e vi: a maioria dos motoristas davam alguma coisa para os artistas!
Isso não foi preconceito?
Arrependi-me de não ter dado nada aos garotos; pensei em fazer a volta na quadra e corrigir o meu erro. Era tarde, já buzinavam atrás de mim, e eu estava louca de fome.
Fome?
Que horror!
Parabéns, sempre me surpreendendo. Estarei sempre esperando novas postagens. Enfim, algo agradável para ler ... que só poderia partir de ti!!!
ResponderExcluirObrigada, Sandro!
ResponderExcluirÉs muito gentil!
Beijo
Tia Lourdes
Pois é, minha cara mestra!
ResponderExcluirPreconceito é assim mesmo. É como se fosse um programa instalado no nosso HD mental que executa suas funções sem que nem saibamos que ele está ativo. Mas a simples consciência de que ele existe já é um bom "antivírus". Eu acho que a gente não deve se sentir culpado ao se perceber preconceituoso. Infelizmente ninguém está livre disso. Mas são poucos que conseguem assumir essa condição sem as já tão conhecidas desculpas esfarrapadas. E isso já é um ótimo começo.
Beijos com muitas saudades,
Boni Rangel
Oi, Boninho,
ResponderExcluirConcordo com tudo o que disseste e fico muito agredecida de teres lido o que escrevi. também estou com muita saudade. vamos marcar um encontro com a turma?
Beijo
Realmente são situações que dão que pensar.
ResponderExcluirNunca sei se dou ou não dinheiro.
De qualquer maneira, a sinaleira não era lugar nem para os malabaristas nem para as crianças estarem.
E será que malabarismo de sinaleira dá mais dinheiro no Brasil que nos resto da América Latina???
Crisanto,
ResponderExcluirTeu questionamento, no final do comentário, levanta uma tese digna de um estudo.
Obrigada!
beijo
Lourdes querida!!!
ResponderExcluirQue bom não teres dado o dinheiro para os meninos....Tu sabes que trabalho com as crianças que estão nesta situação pelas esquinas e posso te garantir que eles não fariam bom uso....
Estou amando o blog!!!!!
Beijos com muito carinho,
Carol
Carol!
ResponderExcluirEu sabia que darias um bela contribuição às ideias colocadas aqui. Sei que conheces bem o assunto; estamos, assim, fazendo a nossa parte como cidadâs!!!!
Beijão e obrigada!!!