Dalva seria um nome apropriado para ela. Sim, ela surgia do nada, silenciosa e com seus passos leves andava, andava, andava. Dalva era de uma elegância indescritível, vista em poucas pessoas. Seu andar a fazia flutuar, flutuar em círculos como se tivesse um sagrado lugar a alcançar. Era bela! Tez morena e límpida, olhos negros e lânguidos, ombros eretos e suaves, pescoço longo e esguiu. Essa era Dalva.
Às vezes, perambulava pelo parque; às vezes, arrastava o peso do dia, nas ruas do bairro à noite. Sobre o corpo aparentemente perfeito, saias e mais saias, blusas sob blusas, panos e mais panos, todos numa gama de tons pastéis, já encardidos, mas de bom gosto. O braço esquerdo sempre caído, fazendo ritmo com as pernas; o direito, puxando um saco de pano cheio de outros panos. Parecia não cansar, nunca parava.
Seu olhar trazia junto à melancolia um toque de sabedoria. Não fitava ninguém, não falava com ninguém. Parecia uma nuvem entre as árvores, na grama, nas ruas, no asfalto, na vida de todos que por ela passavam.
O que teria acontecido a Dalva? De onde ela vinha? Qual teria sido o seu passado? O que leva um ser humano tão bonito fisicamente a abandonar-se aos braços de uma vida cruel, triste, pobre, malvada?
Dalva, o que aconteceu com teus sonhos? O que te machucou tanto? Por que não voltas à vida?
Vem, Dalva, vem?
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