quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Eu queria ser uma árvore

Quando lecionava, no caminho para a escola onde eu trabalhava, num determinado trecho tinha de pegar uma ruazinha de apenas uma quadra que desembocava na ponta de uma praça. Nessa ponta havia uma grande árvore, um plátano! Seu tronco vigoroso e meio manchado inspirava-me uma segurança muito grande. Suas raízes agarravam-se ao chão como se tivesse certeza de que nada lhe tiraria dali. Dirigia meu carro com os olhos e o coração fixos nela. Aquele tronco nunca mudava, era estável, forte, inexplicavelmente, sábio! Sim, aquela árvore falava comigo todas as manhãs. Eu pedia que me ajudasse a ser tão poderosa quanto ela. E eu ouvia a resposta dela na energia que me passava. Engraçado, isso me faz entender como alguns povos veneram diferentes figuras e seres. Eu venerava aquela árvore!
Àquela hora da manhã, o sol começava a ascender e, justo ali, por trás da minha árvore, ele iniciava a estender seus raios que, dependendo da época do ano, abrilhantavam, de forma variada e magnífica, o esplendor da minha idolatrada. Dois momentos eram deslumbrantes: no outono, quando as folhas amarelavam-se e chegavam a assemelhar-se ao tom do astro rei, e na entrada do verão, quando sua copa estava repleta de folhas verdes, frescas, iluminadas, sadias, lindas!
E eu pedia a Deus que me desse a força daquele tronco e a beleza daquela copa, fazendo-me encantar a todos. Encantar não no sentido de desejar a apreciação de uma beleza, mas de provocar o encantamento naqueles que me rodeavam como aquele plátano fazia comigo.
Será que eu conseguia?

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