quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Confusas sensações
A sensação era muito estranha. Estava parada ali já fazia algum tempo. Deitada, olhos fechados, imóvel. Meus músculos estavam tensos, porém não havia razão para isso, suponho. Era o final. Vem a minha memória outros dias que passara pela mesma situação, mas desta vez era diferente. A boca, a boca tinha de se manter aberta. Parecia que me colocavam arreios, sim, sentia-me como um cavalo que, apesar de sua força e tamanho, permanecia impotente diante daquelas pequenas mãos. Sim, pareciam mãos delicadas, mas eram fortes. Eu sou um cavalo? Se sou, por que não consigo dar um jeito nisso tudo. Minhas pernas estão começando a ficar inquietas. Mexo os dedos dos pés, mas aqueles tênis! Por que calcei tênis hoje? É tão difícil tirá-los. Vou tentar descontrair. Isso, está melhor! Respiro fundo. Tento abrir os olhos, mas a luz é muito forte. A tensão volta, baixo a parte inferior da perna direita, tirando-a da cama, e a sacudo para frente e para trás. Mas se sou um cavalo como coloquei os tênis? Não! Não são tênis, são ferros, ferraram meus cascos! E este peso no meu peito?! O que colocaram sobre ele? Mas se sou este cavalo como consigo estar deitada de costas? Nunca vi um cavalo deitar-se com a barriga para cima, mas é assim que estou. Esse negócio no meu peito parece emitir um vibração, leve, porém está ligado. Meu Deus, tem algo ligado sobre mim! As mãozinhas estão apertando um outro metal em minha boca, aberta ainda.
O barulho, que barulho amedrontador. Todavia se sou um cavalo, sou forte, não preciso ter medo deste barulho, porém se for uma serra? Estarei eu num matadouro? Vão me cortar em pedacinhos? Não, não pode ser! Ouço uma voz: "Está quase pronto!" O quê? O que está quase pronto? Coloco a perna direita para cima da cama, ou será a pata? Retiram o peso de meu peito, mas minhas costas doem de tanto ficar na mesma posição. E agora? Por que esta água toda na minha boca? Vão me matar por afogamento? Ouço a mesma voz novamente: "Pronto, pode cuspir!" Abro os olhos, a cama está virando cadeira, estou na dentista! (Para a minha dentista, Larissa Kochhann)
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