segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Infinita descida!

Ela desceu as escadas no escuro, no silêncio! Não sabia o que iria encontrar lá. Tinha a sensação de que a estavam empurrando. Não se sentia comandando seus atos. Terminou o primeiro lance e, como se alguém tivesse puxado seus cabelos, ela parou. Ali ficou por alguns segundos, segundos que lhe pareciam horas. Nesse tempo muitas e diferentes sensações foram vivenciadas por ela. O medo do desconhecido, o frio da falta de companhia, a instabilidade de suas frágeis pernas, o tremor de suas mãos, o ruído dos pequenos insetos que habitavam aquele lugar que tantas vezes lhe atiçara a curiosidade. De repente, mais um lance de escadas. Quantos lances teria ainda? Desceria muitos mais? Nunca ouvira falar do quão fundo estava este esconderijo. Esconderijo? Por que pensava que fosse um esconderijo? Estariam lá, guardados segredos de sua família? Mas jamais soubera que a família tivesse segredos. Não, não eram segredos! Por que era empurrada? Eram tantos questionamentos quantos eram os degraus, tudo interminável. Agora o frio cortava-lhe a pele. Um cheiro forte não identificado penetrava-lhe as narinas. Por que não havia um interruptor de luz? Não tinham feito instalação elétrica ali? Não imaginaram que um dia alguém iria querer descer? Mas ela não queria descer! Fizeram-na abrir a porta e ir, ir, ir. Foi e seus pés tocaram a água. Aos poucos foi ficando mais fundo e quando se deu conta estava nadando. À medida que andava sentia aquele líquido aparecendo uma luz que veio lá do infinito e acabou iluminando tudo. Será que foi a luz que veio, ou ela que à luz chegou? Não importava! O lugar era lindo! Estaria ela chegando ao paraíso? Paraíso? Se era isso, ela estava morta. Como? Morto não sente medo, não se sente inseguro, não treme as mãos, não ouve insetos, não nada! Nada? De nadar? Sim ela estava nadando! Morto nada! Há!Há!há! Delícia!

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