terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Mostrar energia!

      Hoje à tarde assisti a um programa de competição entre pintores no canal Arte 1. Achei interessante! Para cada  etapa da competição os concorrentes recebiam uma indicação dos orientadores que, após cada trabalho concluído, faziam uma avaliação oral para o concorrente de maneira a ele poder melhorar na próxima. Uma das orientações me fez imediatamente pensar na escrita. Estando frente a um rio, foi dito aos pintores que eles deveriam mostrar, ao estilo de cada um, a força, a energia, a superioridade do que estavam apreciando.

      Para mim, pensando na pintura, achei que era simples, bastava escolher as cores, os traços, enfim, não minimizei, mas considerei fácil a tarefa. Imediatamente passei a fazer considerações de como isto poderia ser realizado numa narrativa com palavras, frases, enfim num texto.  Como se pensa bobagens quando se coloca ou não a razão a funcionar!

      Ora me poupe, senhora metida a escritora! Por acaso nunca fez um texto em que tivesse de mostrar sua força? Não a do seu corpo, seus braços, seus dedos, batendo as teclas de raiva! Não! Estou falando da força das palavras! Tá difícil, né? Claro, acha que escrever é ficar devaneando sem rumo, sem técnica, sem organização! Dá pena de lhe ver, muitas vezes, passando por analfabeta quando escreve, deixando que o coração tome conta! 

      E tem mais: não é porque você narra uma violência, uma cena de estupro, um assassinato, um tsunami que seu texto vai ser forte, vai ter energia! A energia está na maneira como distribui as ideias, escolhe os termos, formaliza as frases! É fácil! Não, não é fácil, é muito difícil. É gritar pelas palavras escritas, é violentar pelos sons, é cortar com uma navalha afiada o pulsar do coração do leitor através do ritmo, da pontuação. Você está me entendendo?

      Eu entendi, sim, entendi! Desculpem-me os pintores, confesso que ainda acho que é mais fácil usar pincéis e tinta! E você?




      

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