Era já noite, e ela dirigia calmamente seu carro, quando se deu conta de que ouvia um ruído tão familiar e íntimo que se botou a olhar para todos os lados à procura do que trazia aquela sensação de passado. Olhando para direita, achou! Sim, lá estava ele, imponente, todo iluminado por dentro, seguindo o seu caminho, levando muita gente, sem digressões até a próxima estação. Era o trem que ligava a capital a outras cidades metropolitanas. Nunca havia passado por essa coincidência de andar paralelamente a ele. Os dois sempre passavam por aquela avenida: ela em seu carro, ele sobre os trilhos. E aquele encontro inesperado fez o coraçãozinho dela bater mais forte, como se fosse nele embarcar. Sim, coraçãozinho porque ela já se sentia de mãos dadas com sua mãe, parada na plataforma esperando a prima que também viajaria até uma cidade no interior, distante, hoje, apenas uma hora, mas que, na época, parecia muito longe. Era uma aventura! Ela e a prima iriam sozinhas! Era muita emoção! Na chegada ao destino, aquela tia gorda e fofa as receberia na estação e, na casa dela, as duas passariam as férias de julho. Nossa, quanta alegria, quanta brincadeira, quanto suco de uva feito em casa! Buzina! Upz! E de novo entrou no passado e ouviu sua prima lhe dizendo:"Vimos Fernando Roubando Galinha Sozinho!" sim era este o significado da sigla VFRGS que todos os trens da época tinham pintada nas suas laterais. Criança é engraçada! Ela achou o máximo e, deve ter mesmo ficado muito impressionada, pois jamais esqueceu o ensinamento.
Esses trens de agora pertencem à Viação Férrea do Rio Grande do Sul?
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