Quando me mudei para este apartamento onde moro, um dos acontecimentos que me chamaram atenção foi o apito do afiador de facas e tesouras. Na primeira semana, surpreendi-me com aquele som! Imediatamente, questionei: "Qual a vantagem de ouvi-lo?" É, nem sabia exatamente a que distância estava. Se quisesse usar os seus serviços, conseguiria alcançá-lo a tempo? Até que eu chamasse o elevador, descesse e fosse à rua procurá-lo, provavelmente, já estaria longe! Tive todos esses pensamentos porque, na verdade, a minha faca de cortar carne estava precisando ser afiada.
Hoje, ouvi de novo o som inconfundível. É engraçado como algumas coisas vão se concretando na vida de uma comunidade. Quem teria inventado aquele tipo de apito para identidicar este tipo de trabalho? Por que nunca foi mudado? Estaria aquele homem fazendo o mesmo sucesso que fazia antigamente? Quando estes afiadores morrerem, outros irão surgir? Ou esta é um profissão em extinção, como alguns animais e plantas. O homem inventa e extermina conforme a sua ganância em saber mais, em querer parecer mais com o Criador.
Agora estou me dando conta de que se dependerem de mim, nunca mais essas pessoas terão trabalho. Cada vez que preciso cortar algo, legume ou carne, pego a faca que, como há três anos, continua sem fio e, com a maior altivez, pego o que sobrou de um rebolo - não sei se sabem do que estou falando - que meu pai tinha preso à borda da mesa no terraço dos fundos do sobrado onde morávamos. Aquele pedaço de pedra, faz-me voltar no tempo, faz-me lembrar de minha infância. Só sei que consigo fazer bons cortes a cada afiação. Na próxima vez, tenho de repetir o ritual, mas isto me faz bem.
Engraçado como hoje me satisfaço com essas pequenas coisas: o apito do afiador, o rebolo de meu pai, a faca sem fio!
Adorei o seu blog, Lourdes, parabéns!
ResponderExcluirÓtimo post. É engraçado como eventos cotidianos nos remetem ao passado e como "tudo muda o tempo todo no mundo", hehe...
Beijão!
Obrigada, Ana Paula!
ResponderExcluirQue bom te ter como seguidora!
Um beijo!