quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Imaginação?

O sol derramou seu calor dourado sobre meu corpo, e eu fui, aos poucos, sentindo a temperatura subir em cada parte de mim. Fechei os olhos e fui enxergando, primeiro, meus pés, depois minhas pernas, minhas coxas, minha barriga, meus seios, meu pescoço e, finalmente, meu rosto. Eu estava totalmente de um tom amarelo queimado com o brilho dos topázios. Eu estava linda, leve e não me reconhecia mais. Sentia-me fltuando e de onde estava, assistia a vida passando como se fosse um filme, não a minha história, mas a tua, do teu vizinho, da minha comadre, enfim, de todos. Eu conseguia, ao mesmo tempo, saber o que se passava na cabeça de cada criatura. Conhecia os seus pensamentos e sabia o que iria acontecer com cada um muito antes do momento da concretização do fato. Comecei a ir de um lugar para o outro, de cima para baixo, de lado a lado, percorria distâncias enormes em poucos segundos. O tempo, o tempo...o tempo? Quanto tempo se passara? há quantas horas, dias semanas estaria eu naquela situação? Estou tão só, não vejo mais ninguém do mesmo jeito. Até quando ficarei assim? O mais incrível de tudo é que nada me assustava, nada me levava a pensamentos negativos. Não posso dizer que estava feliz, mas também não estava infeliz. Uma estranha insensibilidade tomara conta de mim. Não vestia roupa alguma? Em que estação do ano estávamos? Não tinha frio, mas também não sentia calor, era como se meu corpo não mais se abalasse fosse com que fosse. O sol continuava me aquecendo. Cada vez mais eu brilhava, até que comecei a derreter, lentamente, gota a gota. Olhei e não tinha mais meus pés. Onde estavam as minhas mãos? Em poucos minutos já era só um tronco com lágrimas densas rolando da face sobre os seios e barriga. Não tinha mais olhos, o nariz já estava desforme, a boca, sem lábios. Dei-me conta de que, em poucos minutos, eu não mais existiria. Ouvi os gritos felizes de crianças que acharam uma pequena, minúscula, poça de um líquido dourado que, em seguida endureceu e transformou-se num belo pingente com o retrato de uma mulher. Agora eu era um pingente!

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