terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Mergulhão
Estava mergulhada na leitura de uma peça de teatro quando ouvi uma voz masculina forte gritar: "Um pássaro, um pássaro!" Não seria estranho se não estivéssemos à beira do mar de uma praia extremamente movimentada. A última frase que li foi:" Não se pode voltar atrás." Tirei os olhos do livro, levantei o corpo e mexi a cabeça de uma lado para o outro à procura do pássaro que devia ser de um tipo muito incomum. Neste momento, ouvi a mesma voz: "Ele mergulhou! Cadê ele?" Estas palavras me fizeram levantar da cadeira preguiçosa onde estava deitava e pegava sol enquanto lia.
Vi, então que várias pessoas, entre elas, algumas crianças, corriam para a água. Buscavam acompanhar o lindo pássaro negro que, como um submarino, ora aparecia, ora desaparecia. Quando vinha à tona, via-se apenas um elegante pescoço que sustentava uma cabeça igualmente distinta que olhava para todos os lados sem demonstrar importar-se com os comentários em torno de sua "excelência". Transparecia segurança no que fazia. Sabia o que queria, estava focado em sua tarefa.
De repente, um enorme pato entrou água a dentro, levantando as pernas, sucudindo as asas e emitindo sons assustadores. Foi o que bastou para nosso mergulhão levantar voo e sumir no céu azul.
O pato, um rapaz metido a valentão, saiu da água, passando por todos que apreciavam a cena rara, de nariz em pé como se tivesse feito grande coisa. Todos baixaram a cabeça e, aos poucos, foram voltando aos seus lugares, as suas atividades. Um vento de tristeza levou a visão final de nosso ilustre visitante. Voltei para minha cadeira, acomodei-me, abri o livro e passei os olhos pela página marcada, atentamente, na tentativa de descobrir onde parara. Achei: "Não se pode voltar atrás". E não é?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário