segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Quando o pensamento voa...

"A partir de amanhã, você vai trabalhar na rua!" Foi isso que ouvi quando passei pela porta aberta de um dos apartamentos, na quarto andar de meu prédio. Naquela tarde havia dado um problema na energia elétrica do bairro e, segundo nosso zelador, uma fase havia caído, sendo assim, estávamos sem elevador. Eu, que estava disposta a fazer mais exercícios a fim de emagrecer um pouco, encarei as escadas. Calmamente fui subindo andar por andar. Então ouvi aquela frase. Não sei por que, mas ela me calou fundo e me fez começar a fazer suposições. Eu não conhecia quem morava ali, sabia que haviam se mudado há pouco tempo (quinto andar) e tinham vindo do interior. Sabia também que era uma família de quatro pessoas, um casal e dois filhos, parece que uma menina e um rapaz (sexto andar). A voz que dissera a tal frase era feminina e denotava uma certa idade. Quem teria sido o receptor? Se fosse a menina, seria um pouco duro,(sétimo andar) pois até onde eu tinha conhecimento, a menina tinha uns treze anos. Ninguém merece ir trabalhar na rua sendo tão novinha. Caso fosse o rapaz, até poderia ser,(oitavo andar) mas que tipo de serviço seria esse? O tom em que foi dita a sentença, sim, porque mais parecia uma sentença, passava claramente a ideia de que seria, vamos dizer, como um castigo. Por que isso? (nono andar) Não! E se fosse para o marido? Teriam eles um negócio em casa e, daquele dia em diante, as tarefas de banco, as cobranças e os pagamentos seriam feitos por ele! Então, quem mandava naquela casa era a mulher! (décimo andar) Ou seria a avó. Sim! Poderia ser uma família formada de uma avó, seu filho divorciado e o casal de netos! Mas, afinal de contas o que eu tinha a ver com aquilo? Foi aí que ouvi outra voz, agora masculina: "A senhora precisa de alguma coisa?" Era o zelador que saía de seu apartamento no último andar. O que eu estava fazendo no décimo primeiro andar se morava no nono?

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