terça-feira, 8 de maio de 2012
Aquele corredor!
Eu vinha a passos largos, nem sei bem a razão. Fazia anos que não voltava àquele bairro, àquela rua. À medida que andava, dava-me conta de que tudo estava mudado. Não conseguia identificar os prédios, as pessoas, a árvore que teimosa crescia entre a parede de um novo edifício e um poste de luz. Aliás, este último não mudara. Até a calçada não era mais a mesma, lajotas grandes se entrometeram e tomaram o lugar das pequenas pedras vermelhas que em combinação com umas mais claras e outras mais escuras compunham um lindo bordado para receber os nossos calçados. De repente, um meia porta entreaberta me fez parar. Era o número 1230. Ouvi a delicada voz da menina de tranças. Ela ria. Espiei e vi, ao longe, o triciclo cor de vinho, rodas com pneus fortes e na direção estava ela, de vestido xadrez rodado, fitas brancas no cabelo, sandálias que faziam força para dar velocidade. Tudo estava esvoaçante, o corredor parecia não ter fim, e ela vinha em sua corrida matinal, na ânsia de aproveitar bem a brincadeira de criança. Eu me deliciava com a visão, sorria sozinha. Mas ela vinha, e vinha, senti que iria bater em mim, porém nada fiz. Ela veio, bateu, rasgou o meu peito, entrou, acomodou-se no meu coração, e eu continuei a minha caminhada, agora com o sorriso da saudade no rosto.
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SENSACIONAL.......lindo!
ResponderExcluirMeus parabéns !
Beijos.........