terça-feira, 12 de junho de 2012

Meninas de coragem!

O telefone tocou, e eu atendi. A voz da minha prima gritava para eu ir ligeiro para a casa dela porque descobrira com quem estava meu anel de ouro com um pequeno brilhante, presente de primeira comunhão. Saí imediatamente e corri as duas quadras e meia que nos separavam. Lá chegando, subi esbaforida quatro andares de escada, até que me dei conta de que teria ainda mais oito para chegar ao apartamento dela.Uma outra amiga e minha prima me esperavam com a porta aberta ansiosas. Entrei e fui puxada até a área de serviço. Fizeram sinal para que eu fizesse silêncio e apontaram para onde eu devia olhar! Meus olhos foram baixando, percorrendo andar por andar, a vista que se tinha era das áreas de serviços dos outros apartamentos. Décimo primeiro, décimo, nono, e lá no oitavo andar estava uma moça magra alta, que já havia trabalhado na minha casa. Ela esfregava umas roupas no tanque e, em um de seus dedos, brilhava, àquela hora do dia, como se fosse uma estrela ímpar numa noite escura, o meu anel, o meu brilhantinho amado. Mas seria realmente o meu anel? Com o auxílio de um binóculo, analisei mais. Era, era ele. Porém surgiu uma questão: como o tomaríamos de volta? Ela nos entregaria sem problemas? E a solução que nós, adolescentes de quinze anos, da década de sessenta, foi chamar a polícia. Sim, nós telefonamos para a delegacia e, em poucos minutos, chegaram. Relatamos o fato, eles foram ao apartamento onde a moça trabalhava e a prenderam. Pasmem, embarcamos junto no camburão e fomos ao departamento de polícia. Lá o delegado a interrogou na nossa frente, ela devolveu o anel e nós... retiramos a queixa. O que queríamos era o anel de volta e que ela aprendesse a não mais mexer no que não era dela.

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