domingo, 22 de abril de 2012

Maria

Todos os dias, ela ouvia o apito do pequeno vapor que passava todos os finais de tarde, cortando as águas do rio que fazia da cidade onde morava um lugar quase mágico. Não havia nada melhor do que abrir o portão de casa e correr, sentindo na sola dos pés o capim fino e cheio de rosetas, a areia grossa e quente, a água fria e lamacenta, exatamente, nesta sequência. Era isso que fazia ao ouvir aquele som. E de dentro da água, com um largo sorriso nos lábios, que contornavam a boca com poucos dentes, vestido molhado, balançava os braços finos em grande aceno para os desconhecidos que ocupavam a embarcação. Era um ritual! Um dia, Maria não mais ouviu o apito, o vapor não mais passou, ela não mais correu, nem acenou. Onde andará Maria?

Nenhum comentário:

Postar um comentário