sexta-feira, 20 de abril de 2012
Um pequeno conto sem nexo
O rio estava tão calmo, a àgua tão parada que podia-se dizer que reproduzia bem a frase: "Parecia um espelho." O céu estava num tom azul cinzento, mas sem nuvens, limpo. O sol... não brilhava como em outros dias, em outros lugares. O barco era pequeno, um barco de pesca. Nele dois homens, em pé, equilibravam-se enquanto aguardavam para puxar a rede. Um era mais velho, mais forte, mais alto, mais pescador. Outro nem precisa dizer. Eles não falavam, nem se olhavam. Tudo corria numa paz tão grande que chegava a doer. A vida deles parecia não passar daquilo, pescar. Mas o quê? Fazia dias ou, talvez, semanas que ali vinham e ficavam por muitas horas. Ninguém os conhecia na pequena cidade. Surgiam de um momento para o outro como se brotassem das profundezas do rio. Ao cair da tarde, sumiam como se abduzidos por uma nave invisível. Porém naquele domingo de céu cinzento, de uma hora para outra, a água do rio começou a escurecer, ondas enormes passarem a se formar, o céu cobriu-se de relâmpagos, mas nada disso tudo abalava a postura daqueles dois.Como duas estátuas de bronze, largaram as redes vazias, elevaram as mãos para cima, alongaram seus corpos e foram, foram ao espaço sideral em busca não sei de quê!
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