sábado, 7 de abril de 2012

Sem pruridos!

Quando me dei por conta, estava beijando aquele pequeno crucifixo que a moça segurava de maneira respeitosa em suas mãos. Não era qualquer um que podia segurá-lo. Não sei, deviam ser pessoas que passaram por algum curso ou que demonstraram durante suas vidas o quanto são dedicadas aos rituais da Igraja Católica. Eu não era uma dessas pessoas, mas tinha a plena consciência de o quanto Jesus e seus presseitos eram importantes para mim em todos os momentos de minha vida: tristes e alegres. Ainda quando criança, sempre cumpria com os deveres de boa critã, ia à Missa, comungava e rezava muito por qualquer necessitade, até mesmo para pedir que aquele garoto bonitão da minha sala de aula que não me dava atenção passasse a me notar. Depois, quando casei, por circunstâncias da vida e por ter me ligado a uma pessoa que não tinha hábitos religiosos, acabei me afastando. As crianças enchiam os meus dias, e o trabalho de professora ocupava até minhas horas de folga. Quase não tinha tempo para rezar. Hoje, sem saber como e por quê, meus hábitos voltaram. Rezo, vou à Igreja, comungo, sinto-me bem fazendo isso, consagrando Jesus. No entanto, o foco mudou: hoje agradeço, agradeço pelo tempo que está me permitindo que tente realizar meus sonhos; agradeço pela força que recebo ao ter de enfrentar as tribulações da vida; agradeço pelos filhos que Deus me deu, talentosos, amorosos, lindos por dentro e por fora(há que se deixar enxergar essa beleza deles); agradeço pelos netos que me incentivam, sem ter consciência, a viver cada vez de forma mais alegre, tentando deixar para eles, através do exemplo, o legado, sem preço, de ter uma vida que valha a pena. E acho que foi por tudo isso que ontem, durante a celebração do Corpo de Deus, fui levada a beijar a imagem de louça fria, triste e, até feia, sem nenhuma vergonha, sem nenhum prurido, sem preconceito. Beijar o que outras bocas haviam tocado!

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