segunda-feira, 16 de abril de 2012
Uma cena poética
Antônio foi se chegando de mansinho, meio cambaleante, tomando cuidado para não cair. Largou a trouxa sobre uma pedra e continuou de pedra em pedra rio a dentro. A garrafa plástica de três litros vazia, que já trazia na mão direita, foi afundada na água poluída até que encheu. Antônio voltou para a beira, segurando-a com as duas mãos. Largou-a ao lado da trouxa, que foi aberta e de onde tirou uma das peças de roupa. Foi pegando uma a uma e, como num ritual, fez com todas as mesmas ações: pegava a roupa, entrava no rio, molhava-a, esfregava bem, tirava e botava na água como se tivesse a enxaguar, torcia, trazia para a beira e pendurava num dos galhos de uma árvore, que parecia estar ali orgulhosa a lhe servir, tamanha era sua verdura e brilho. Quando tudo estava lavado, Antônio tirou uma por uma as roupas do corpo, fez o mesmo e, depois, sentou numa daquelas pedras, que também brilhavam como que de satisfação, pegou a garrafa e bebeu...bebeu...bebeu muito daquela água. Foi recostando-se devagarinho até deitar-se totalmente. E lá estava: Antônio deitado pelado, as roupas coloridas enfeitando a árvore, e o rio imenso servindo de moldura.
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