quarta-feira, 18 de abril de 2012
Um banheiro bizarro
O vapor da água do chuveiro não deixava ver-se nada na enorme sala que, entre outras coisas, servia de banheiro. Uma cortina de plástico rosa delineava o que se podia chamar de box. O piso de um tom avermelhado era o mesmo em toda a extensão da peça, sem desnível, o que fazia com que se tivesse cuidado para não molhar tudo ao se banhar. Era inverno, e fora da cortina de plástico o frio tomava conta. Sequei-me rapidamente, o corpo tremia, e eu dava pulinhos. O que será que minha tia Maria guardava naqueles armários que cobriam as paredes? Enrolei-me na toalha branca, já meio rala, que ela me dera e tentei abrir uma das portas. Nada, não consegui, estava chaveada. Dei mais alguns passos e deparei-me com outra porta, agora, com um cadeado. Mas o que ela guardava, assim , tão fechado, como se fossem segredos? A minha curiosidade não cessava, e eu dei meia-volta e lá estava uma prateleira com uma cortina de algodão grosso, floreado em cores vivas, encobrindo o que lá dentro estava. Ah! Que maravilha! Finalmente iria descobrir, pelo menos, parte do tesouro. Peguei com o polegar e o indicador delicadamente o pano e, à medida que ia abrindo, ia baixando a cabeça como se eu não quisesse que ninguém visse o que eu veria. A toalha desenrolou-se, e eu levei um susto de novo com receio de que alguém me visse. Olhei rapidamente para o trinco da porta daquele ... banheiro e constatei que a tranca estava na posição de fechada. Coloquei a toalha e voltei a olhar as prateleiras. Garrafinhas, garrafinhas e mais garrafinhas de um líquido escuro lá estavam como a me esperar. Não perdi tempo. Peguei uma delas, tive dificuldade, mas tirei a rolha e coloquei na boca. Era suco de uuuuuuuuuuuuuuva! Bom! Muito bom! Suco de uva estocado no banheiro! Quem iria desconfiar? Aquele virou o meu segredo. Naquelas férias, todos os dias, na hora do banho, eu me deliciava com o suco. Perdi as contas de quantas garrafinhas esvaziei. Será que minha tia Maria alguma vez desconfiou do que acontecia? Pelo menos ela nunca falou!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário