quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pedro Henrique

Ele ia a minha frente. Não sei por que eu não conseguia deixar de segui-lo. Era grande, forte, robusto. Seu nome era Pedro Henrique. É Pedro Henrique! Dobrou à direita e à direita eu fui. Acelerava mais, e eu nem sempre tinha forças para manter-me perto dele. Porém não o perdia de vista. Começou a subir uma lomba, não mais corria como antes. E eu?! De que maneira, com minha idade, teria condições de acompanhá-lo? Rezei e pedi a Deus que me desse forças para não desistir no meio do caminho. Dai-me persistência! Dai-me perseverança! E eu ia, mais lentamente, mas ia. O que me fazia não parar de ir atrás de Pedro Henrique? Atração? Curiosiade? Desconfiança? Sei lá! Eu não desistia! Ele já chegara ao topo da colina e começara a diminuir o andar. Fez menção de que dobraria à esquerda, todavia não havia ali uma rua. Dobrou, era a entrada de carro de uma bela casa. Eu... parei meio à distância e fiquei olhando... ou eu cuidava? Não sei. Algum pressentimento não me deixava chegar mais perto. Talvez aquela atração ou curiosidade ou desconfiança se transfomara em medo. Então, por que não me tocava ladeira abaixo? Escondi-me atrás de uma árvore e, enquanto meu coração batia como se fosse saltar do peito, meus olhos quase saltavam do rosto na ânsia de não perder nada. Meu perseguido parou, fez que ia entrar, mas... buzinou! Da porta da casa saiu uma belíssima loira, alta de óculos escuros, lindamente vestida com um míni casaco vermelho e meias de seda pretas. O motorista saiu do Pedro Henrique, abriu a porta para a madame, entrou novamente, deu partida e sumiu rua abaixo. Nunca mais vi o Pedro Henrique. Também isso é nome que se dê a um táxi? E ainda escrito bem grande, em letreiro branco no vidro de trás!

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